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| FÚRIA (Novembro da Escrita) | |
| | Autor | Mensagem |
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Bravesa Membro
. : O retorno dos jeli Mensagens : 264 Sanidade : 3
| Assunto: FÚRIA (Novembro da Escrita) Dom 10 Nov 2019 - 21:54 | |
| Olá pessoas deste fórum maravilho, aqui quem vos fala é Bravesa. Seguindo aí o Novembro da Escrita (acabei de inventar o nome), eu me submeti ao desafio a escrever 1000-1500 palavras por dia, graças à essa oportunidade eu estou escrevendo 'FÚRIA'. Dentre todas as 14 histórias que eu tenho anotado, provavelmente esse é o mais fácil e com menos background para se escrever. Atualmente estou escrevendo a história em capítulos e esses capítulos estão divididos em episódios. Eu poderia postar cada episódio individualmente, mas eu prefiro postar quando eu tiver acabado um capítulo. Talvez isso mude no futuro, mas provavelmente não. E também essa é a primeira vez que eu estou escrevendo 100% seriamente( espero que esteja bom). Atualmente eu escrevi cerca de 10k palavras, apesar de estar longe da meta de 50k eu estou fazendo no meu ritmo. >.> Esse primeiro post é só para eu organizar o histórico e outras coisas, eu vou postar os capítulos nos posts subsequentes. [EDIT]: Quando eu fui colocar o texto, eu percebi que ficava muito pequeno e muito ilegível, eu precisei colocar um espaço entre as linhas e aumentar a fonte, deu trabalho pra caramba. Eu vou deixar aqui um link pro Drive pra um Docx do negócio. Aqui[EDIT2]: Modifiquei alguns erros bem óbvios na escrita da página. Lol, estou vivendo em outubro ÍNDICE - '' - Citações "" - Falas [] - Pensamentos {} - Nome de magias PALAVRAS - 10000[X] 10614[X] 20000[ ] 30000[ ] 40000[ ] (???) 50000[ ] (???) HISTÓRICO - [10/11/2019] - CRIAÇÃO DO POST[10/11/2019] - POST DOS PRÓLOGOS + CAPÍTULO 1[12/11/2019] - Modificação de alguns erros óbvios no post. Além disso, alteração de algumas inconsistências(Kirk -> Kirt). Deixei uma letra passar, lol.======================================================================================================== FÚRIAResumo: No mundo onde a magia existe e criaturas incríveis voam pelos céus, a violência não é muito diferente. Seguindo a narrativa de uma mulher procurando por vingança, a história conta o surgimento da mais violenta das bruxas, a Bruxa da Fúria.========================================================================================================
Última edição por Bravesa em Ter 12 Nov 2019 - 13:34, editado 9 vez(es) | |
| | | Bravesa Membro
. : O retorno dos jeli Mensagens : 264 Sanidade : 3
| Assunto: PRÓLOGO + CAPÍTULO 1 Dom 10 Nov 2019 - 21:59 | |
| PRÓLOGO 1 - Um grande ciclo- Spoiler:
Isso é uma história comum.
Pessoas matam umas às outras, seja por pena, vingança, cobiça ou o silêncio de alguém, o mundo humano sempre foi assim.
Esse é o ciclo de violência da humanidade, isso sempre aconteceu.
Quando alguém morre pelo ciclo, uma reação encadeada sempre ocorre.
Nos fracos, uma tristeza arrasadora que fazem as pernas pararem.
Nos fortes, um senso de falha e de incapacidade.
Mas há algo que todos possuem em comum, raiva, ira, uma mentalidade para acabar com tudo ao seu redor, fúria.
Morte, sangue, vingança ... mais morte, mais um pouco de sangue e uma conclusão insatisfatória.
O mundo sempre foi assim, um ciclo de violência começa e depois termina, assim como muitos outros que acontecem e aconteceram.
Talvez os deuses não saibam que isso esteja ocorrendo? Talvez Hildwig, o deus da guerra, ou Tranquili, a bondosa deusa da cura, não estejam sabendo dessa violência?
Bom, talvez isso não importe, pois, o mundo é como ele é.
Mortes acontecem, os deuses observam e a vida continua.
Afinal de contas, isso é uma história comum.
PRÓLOGO 2 - Antecipação da raiva- Spoiler:
Era como se o silêncio e a calma que antes predominava fosse uma mentira.
Algumas pessoas olhavam pela janela de suas casas para a rua, inquietamente antecipando o que iria acontecer a seguir.
5 pessoas estavam na rua, 3 delas estavam com esplêndidas armaduras completas: capacetes, peitorais, proteções para as pernas, botas, manoplas reluzentes em uma mão, uma mais normal na outra e uma espada em suas cinturas, era como se eles estivessem preparados para uma guerra. Enfim é um conjunto armadura que não se acha em todo lugar.
A quarta pessoa estava com muito sangue saindo pela sua cabeça, claramente ele foi acertado com muita força, não dava para dizer com certeza se a pessoa estava viva ou morta. Um dos cavaleiros a carregava como refém em seus ombros.
A quinta estava machucada enquanto enfrentava as outras três, brandindo uma machadinha de formato esquisito, o indivíduo se preparava para avançar contra os agressores. Apesar de mostrar a coragem de enfrentar os 3 cavaleiros fortemente armados, a pessoa vestia roupas leves que são usadas para treinamento junto com uma armadura de couro leve, facilmente demonstrava a aparência de um indivíduo comum.
Analisando seus inimigos e aguçando seus sentidos ao máximo para não perder nenhuma chance, a pessoa rugiu com todas suas forças para fortalecer sua coragem.
- “AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH” ela gritou.
Então, construindo muita velocidade, ela avançou, avançou e avançou.
Com muita fúria, ela avançou.
CAPÍTULO 1: O chamado para o desastre.EPISÓDIO 1 - A calma antes da tempestade.- Spoiler:
A tarde estava tranquila, o céu não tinha muitas nuvens e o sol começaria a se pôr em breve.
Na pequena cidade de Glacier, esse seria o momento no qual as crianças voltam para suas casas, os adultos começam a fazer o jantar e aqueles que trabalham estariam no caminho para voltar.
Glacier não é uma cidade grande, no entanto, não é pequena suficiente para ser chamada de vila. Ela se localiza próximo à montanha de Halber, onde muitas pessoas vão procurar riquezas naturais, por essa razão, Glacier cresceu muito nos últimos anos.
A cidade em si é relativamente modesta por causa do seu recente crescimento. A maior parte das casas é feita de madeiras e o resto é de pedras. Ele possui uma estrada de pedra que passa por toda cidade, um bônus feito com magia de terra e a ajuda de vários locais. O local tinha um rico rio que originava da montanha e atravessava a cidade.
Além disso, a cidade possui um ótimo nível de organização: A praça central, lojas, estalagens, restaurantes, ferreiros, e outros serviços se localizavam-se principalmente no distrito principal, casas e residências ficam um pouco mais dentro da cidade, no distrito secundário, e os campos permanecem fora da cidade.
Apesar de entardecer, o distrito principal continuava animado como sempre, pessoas entravam e saiam das lojas, algumas outras praticavam pequenas magias na praça e existiam alguns que não esperaram a lua aparecer para começar a beber.
Já no distrito secundário as atividades já diminuíram e as pessoas retornavam para suas casas.
Em um pequeno jardim no meio de umas das ruas do distrito secundário, uma mulher balançava uma espada de madeira para frente e para trás, fazendo seus exercícios diários.
- “97, 98, 99... 100!”
Parando de fazer seus exercícios, a mulher esticou o braço para alcançar a toalha que estava pendurada na árvore ao lado.
Selene Arson Tenodora, ou simplesmente Selene, era a pessoa que treinava nesse jardim. Enquanto possuía um físico forte e robusto, ela ainda era muito magra e exalava uma certa feminilidade. Tendo a altura média de um homem adulto, ela é alta em relação a outras mulheres, seus olhos grandes e cabelos que chegavam até os ombros têm um tom de castanho bem escuro, seu rosto era delicado, feminino e possuía um certo tom rosado. Dentro da cidade ela era considerada bonita, mas talvez não entrasse no gosto de algumas pessoas.
Apesar de treinar diligentemente todos os dias, a bela mulher não era habilidosa com a espada, na realidade ela era bem ruim com isso. Ela possui um corpo forte e um vigor um pouco acima do normal, apenas isso.
Enquanto enxugava o próprio suor, Selene ponderava algumas coisas inúteis para poder ocupar sua mente.
[Humm, pensando bem, era minha vez de fazer o jantar, não é?]
A mulher que é capaz de derrubar um homem com um ou dois socos e que também era uma iniciante com a espada, ponderava despreocupadamente o que ela faria para o jantar.
Ela nunca soube como cozinhar bem, mas ela sabia como fazer um prato ou outro para as refeições.
Enquanto pensava no que faria para a janta, ela notou uma presença vindo da rua, se aproximando.
Virando o rosto para ver quem se aproximava, ela rapidamente distinguiu quem era.
Era seu marido, Arthir Arson Tenodora.
Dentro da cidade de Glacier, Arthir Tenodora é um nome bem conhecido, ele é um importante cavaleiro que ajuda na gestão da cidade e existem rumores que ele era um importante cavaleiro que já serviu no castelo da capital.
Ao contrário dele, Selene era apenas uma mulher de corpo forte que sempre viveu em vilas ou cidade periféricas. Ela também não tinha nenhuma descendência nobre, em sua terra natal, seu pai era um caçador e sua mãe uma apotecária. A única coisa que ela poderia se orgulhar era sua habilidade como caçadora e a magia de terra que ela conseguia manipular, a maioria das outras magias que ela sabia eram as mais básicas das mais básicas, do tipo que qualquer um saberia, porém, mesmo assim ela se orgulhava de ter aprendido tudo isso com seus pais. Com magia, ela poderia manipular a água, invocar o fogo e até ter um certo nível de visão noturna.
Apesar de não ser nobre, quando Selene completou 20 anos, ela conheceu Arthir, os dois se amaram e eventualmente se casaram anos depois. A partir disso, Selene mudou seu nome de Selene Marequilis para Selene Arson Tenodora. Atualmente Selena e Arthir têm 26 e 32 respectivamente.
Ela nunca tinha entendido porque seus pais possuíam um sobrenome tão difícil, mas agora essa questão não importava mais.
Colocando um charmoso sorriso em seu rosto e abaixando sua espada, ela andou até a pequena entrada do jardim para cumprimentar o cônjuge.
- “Olá! Bem-vindo de volta!” cumprimentou a moça com um sorriso.
- “Ah, olá!” respondeu o marido.
- “Como foi o dia?” perguntou Selene enquanto Arthir se aproximava, ele estava visivelmente exausto, mas isso já era praticamente rotineiro.
- “Humph” resmungou Arthir, “O de sempre, Luren me deu um monte de trabalho que ele deveria fazer...”
Logo em seguida, Arthir abriu um sorriso característico para rapidamente mudar o humor da situação, “Mas esqueça isso! Como foi seu dia?”
- “Nada de demais...” respondeu a mulher, mas logo em seguida ela lembrou de algo que tinha acontecido mais cedo, “Ah sim! Kirt veio mais cedo hoje.”
- “Kirt? Ah sim, aquele cara que vêm pedindo favores, não é?”
Kirt é um bom homem que vive na região de campos de Glacier, Selene conhece ele porque a mãe dele é sua amiga. Atualmente, de tempos em tempos, Kirt pede favores alguns favores à Selene em troca de dinheiro, carne, queijo ou verduras frescas, na realidade, isso poderia ser visto como uma relação de empregado e empregador. Os favores eram mais relacionados a trabalhos físicos que poderiam ser feitos no campo, como procurar animais perdidos, criar pequenos muros, caçar alguns animais selvagens e etc. Todos esses trabalhos eram feitos facilmente por Selene, já que ela possui um conhecimento de nível 2 de magia de terra, era bom, mas também não era nada de demais.
Além disso, Selene possui um trabalho, pela manhã ela trabalha em grupo de construtores, onde ela a ajuda a fazer vários tipos de coisas com sua magia de terra, levantar muros, cavar buracos, mover a terra, etc. Pela tarde, na maioria dos dias, ela estava livre para procurar outros bicos.
- “Ele mesmo, parece que um javali noturno apareceu nas redondezas, para aproveitar ele também me pediu pra me ensinar o irmão dele a não ter medo de caçar.” Explicou Selene enquanto os dois andavam em direção a entrada de sua casa.
A casa em si era feita na maior parte de madeira com algumas partes de pedra que foram feitas com a ajuda de Selene, a casa não tinha um grande esplendor de uma mansão, mas ele era grande o suficiente para 2 pessoas, talvez até para 3 ou 4. Assim como as outras casas, a frente da casa era todo feito de madeira, no entanto era bem polido e acabado, ele tinha um charme próprio.
Entrando na casa, eles rapidamente se moveram para o sofá para continuar a conversar. O interior da casa era aconchegante, possuía algumas decorações aqui e ali, porém ninguém do casal exigia muito, a casa tinha dois quartos, um para dormir e outro que foi transformado em um escritório para Arthir, um banheiro, uma cozinha e uma sala de estar confortável com um sofá e lareira de pedra, além de uma mesa e cadeiras para comer as refeições.
- “Javali noturno? Não é aquela espécie que mata os animais pela noite?”
- “Esse mesmo” afirmou Selene, “Parece que esse já conseguiu matar alguns bois e galinhas pelos campos, além de destruir alguns muros.”
- “Sério? A coisa está feia então.” Arthir se lembrou, Javalis noturnos são predadores noturnos que matam os animais da fazenda, é um animal bem irritante que aparece muito de vez em quando.
- “Nem me diga..., mas eu estou ansioso para caçá-lo! A última vez que cacei um javali noturno foi com meu pai e minha vila inteira, então estou animada para isso!” Acostumados com a presença de um ao outro, eles continuaram conversando sobre várias outras coisas inúteis, parando apenas quando o estômago começou a roncar.
- “Que fome! Você já preparou alguma coisa?”
- “Ah, ainda não” Selene levantou-se ao se lembrar disso, “Vou preparar um guisado rapidamente, tudo bem?”
- “Claro querida!” falou Arthir com um sorriso no rosto, “Acabei de me lembrar que tenho que escrever algumas cartas, então estarei no escritório enquanto você faz a janta.”
- “Okay!”
Indo para a cozinha, Selene foi rapidamente preparar um guisado para o jantar, colocando as cebolas, batatas, carne defumada e alguns temperos na panela de barro, ela rapidamente acendeu o fogo com sua magia, a comida ficou pronta rapidamente.
Chamando Arthir para comer, ambos comeram o guisado com pão, enquanto conversavam sobre qualquer coisa.
- “...Por isso que começamos a avisar as pessoas para coletar essas pedras” ria Arthir enquanto terminava um assunto qualquer.
- “Hehe... Falando em pedras, teve algo de interessante em suas pesquisas?” perguntou ao se lembrar do assunto.
Arthir era um pesquisador como hobby, enquanto ele não trabalhava ajudando Luren, ele pesquisava sobre estranhos artefatos que chegavam até ele, a maior parte eram pedras, mas tinham coisas como garrafas, cristais com padrões estranhos, metais negros como piche e etc. Desde o dia que eles se conheceram, Selene sabia que seu agora-marido era entusiasmado por artefatos mágicos e pela pesquisa.
- “Em minhas pesquisas nem tanto, mas das pedras que recebi, eu descobri algumas evidências de um espírito de fogo em algum lugar das montanhas.”
- “Espírito de fogo? Ooohh, interessante.” comentou Selene. Espíritos não são raros no mundo, porém pessoas que conseguem controlá-las são poucas. Onde há espíritos, com certeza haverá uma abundância de materiais para se coletar.
Com o jantar ao seu fim, estava na hora de Selene ir até a fazenda de Kirt, ela preguiçosamente coletou a louça numa bacia com água quente que ela tinha acabado de esquentar com sua magia, logo em seguida ela foi se armar. Colocando uma armadura de couro como seu pai sempre fazia, ela pegou um arco e flechas que estava em um canto da casa, esses eram seus equipamentos padrão para caça.
Quando estava para sair ela se virou se aproximou para se despedir de seu marido.
- “Estou saindo! Volto mais tarde!” falou Selene enquanto dava um beijo de despedida ao marido.
- “Ah! Espere um pouco!” exclamou Arthir enquanto ele saia para dentro da casa, parece que ele se lembrou de alguma coisa.
Momentos depois, Arthir voltou com um machado de tamanho e aparência estranha, ela era de tamanho médio, menor que um machado normal, mas maior que uma machadinha, era feita de metal e madeira, a lâmina era alongada e o cabo possuía partes de madeira com partes de metal contorcido em um padrão estranho. O formato e ergonomia mostravam que se deveria segurar o machado pela parte de madeira, enquanto deixava o metal como proteção de mão.
- “O que é isso?” perguntou Selene enquanto Arthir dava o estranho machado para sua esposa, quando ela pegou em sua mão, ela notou que seu balanceamento era bom para um machado, assim como também era bem leve.
- “Um machado que encontraram na montanha, quando perguntei sobre ela me disseram que ela tinha algumas propriedades esquisitas, quando fui pesquisar sobre ele, descobri que é capaz de absorver energia. Achei bem interessante, você poderia levar ele pra testar em campo?” Arthir explicou com entusiasmo.
[Ótimo, mais um objeto estranho que ele trouxe para casa.] pensou Selene.
Selene analisou a estranha arma por um momento, apesar de ele falar que essa arma absorvia energia ela não sentiu nada, [Humm, deve ser capaz de absorver energia através do metal, então.] deduziu. Em seguida, ela ajustou seu cinto para caber o machado de alguma forma. Tendo o machado em um lado de sua cintura, uma aljava na outra e seu arco nas costas, ela estava pronta.
- “Certamente é um machado estranho, mas acho que não vai ter problemas.” falou Selene, com um sorriso em seu rosto, “Se não tiver mais nada, então estou indo!” - “Beleza! Tenha cuidado!” desejou Arthir. Apesar de Selene ser forte, ela pode ser descuidada e cabeça quente as vezes, essa era uma das coisas que ele queria que Selene deixasse de ser enquanto ele ensinava a esgrima para ela.
O céu já estava escuro e lua já tinha levantado, Selene se despediu de Arthir e marchou em direção aos campos.
***
- “Aaaahhh” Selene soltou um suspiro sem querer.
Se perguntasse pra qualquer um sobre a distância até os campos, ninguém iria dizer que é longe, no máximo diriam que não é perto. Mesmo assim Selene silenciosamente reclamava da distância que ela tinha que percorrer, ela era uma pessoa acomodada, a padaria no qual ela sempre compra pão está apenas algumas casas a distância assim como o ferreiro, o mais longe que ela já teve que ir era pra uma loja de artefatos mágicos, que ficava no distrito principal.
Enquanto pensava em coisas inúteis para matar o tempo, ela olhou para as estrelas do céu, mais especificamente para a lua que estava logo ali, era lua cheia. Quando criança, seu pai sempre dizia para ela que quando a lua estava cheia os animais ficavam mais ativos. Já sua mãe dizia que a lua cheia era perfeita para poder coletar ervas de qualidade, ela tinha uma pequena plantação privada em seu jardim.
Mas para ela, a lua era uma companheira, Selene sempre a olhava através da janela, isso a ajudava a relaxar para dormir.
Enfim.
Andando pela estrada de terra e banhado pela luz da lua, Selene eventualmente chegou na entrada da fazenda da família de Kirt, eles o chamavam de fazenda Leite de Prata.
Vai saber o porquê.
Depois de andar mais um pouco e chegar à casa principal, Selene bate na porta para chamar alguém.
*Toc toc*, um barulho oco advindo da madeira velha ecoou através da pequena varanda e para dentro da casa.
Logo a seguir, barulhos de passos vieram de dentro da casa, a porta se abriu rapidamente revelando um homem de cabelos loiros e olhos verdes, ele tem um físico forte que é de se esperar de um homem do campo, mas ele é alguns poucos centímetros menor que Selene, enfim, ele não é muito intimidador.
O homem em si era Kirt.
- “Ah!” exclamou o homem, “Selene! Obrigado por vir! Esse javali realmente está acabando com a gente!” enquanto falava isso, os olhos de Kirt brilharam como se tivesse encontrado uma solução para seu problema.
A empregada em si não ligava muito em caçar um animal ou outro, ela conseguiria treinar seus sentidos, saciar sua vontade de caçar algo e ainda por cima ganhava um pouco de dinheiro e comida de qualidade da fazenda, era uma boa troca.
Selene sorriu pelo entusiasmo do empregador “Bem, estou aqui para caçar esse javali, onde está seu irmão? Era para eu ensinar uma coisa ou outra para ele, não é?” perguntou ela enquanto vasculhava o pouco que conseguia ver do interior da casa.
- “Ah sim, vou chamar ele!” Kirt deixou a porta aberta e correu para dentro da grande casa, voltando um pouco depois junto com outras 2 pessoas.
Uma delas pessoa era um jovem de mesma altura que Kirt, usufruindo do mesmo cabelo loiro e olhos verdes, ele tinha um rosto “simples”, se Kirt já não era muito intimidador, essa pessoa era menos ainda.
Essa pessoa nada intimidadora é o irmão de Kirt, Bert.
Já a outra pessoa era um homem mais velho, ele tinha cabelos castanhos com alguns fios brancos, uma barba magnífica, os mesmos olhos verdes e ele fazia um barulho estranho enquanto andava já que ele tem uma perna de madeira. Ele parecia ser uma pessoa madura por causa da sua cara envelhecida. Essa última pessoa é Tark, o pai dos irmãos.
Enquanto os dois aproximavam, Selene fez o sorriso mais simpático que ela conseguia para cumprimentar as duas pessoas, “Boa noite, senhor Tark! Kirt tinha me pedido para caçar o javali e ensinar o irmão dele.” Ela se virou em direção a Bert “Boa noite! Meu nome é Selene, acho que não nos conhecemos.”
Apesar de Selene vir até esta fazenda de vez em quando, ela nunca tinha encontrado de cara a cara com Bert.
- “Huo huo huo!” riu Tark, “Você é uma salvadora Selene! Espero que essa peste aqui aprenda alguma coisa com você!” comentou ele enquanto colocava a mão encima da cabeça de Bert.
- “Uurgh” grunhiu Bert.
- “Quando você acabar vou garantir que Kirt coloque todo tipo de produto pra você, quem sabe até algumas moedas de ouro a mais!” gargalhou o velho.
- “Hehe.... vou estar esperando.” Selene comentou em resposta às artimanhas desse senhor de idade.
A família de Kirt poderia muito bem ter contratado um caçador no distrito principal, mas Selene era a escolha segura, ela caçava por um preço menor e ainda aceitava alguns produtos da fazenda em troca de seus serviços.
A conversa durou mais um pouco, mas logo o assunto terminou, assim, Selene e um Bert armado com um facão, arco e flechas saíram para a caçada pela noite.
EPISÓDIO 2 - Uma caçada.- Spoiler:
***
No senso comum, a noite é um tempo que ninguém deve caçar, nem os Humanos com sua engenhosidade, nem os Dor’Fai com sua incrível força, nem os animais com seus instintos. Mas os seres vivos são bem conhecidos por se adaptar.
Pela floresta de Kradia, nomeado a partir de um sacerdote do deus da Terra, Selene esgueirava-se habilmente, Bert a seguia alguns passos atrás.
Os dois já estavam andando há um tempo, porém nenhum dos dois demonstrava fadiga. Enquanto afiavam seus sentidos para encontrar o javali, eles também prestavam atenção em tudo para não serem surpreendidos.
... Na realidade, quem permanecia atento era Selene, Bert estava com medo demais da floresta escura para conseguir se concentrar direito, por essa razão, ele só conseguia prestar atenção em sua audição enquanto seguia os passos de sua professora (que por acaso estava com velocidade reduzida).
Em sua frente, Selene encontrou uma boa clareira da floresta. A experiente caçadora andou até o meio da clareira, colocou sua mão no chão e focou sua energia, ela iria usar uma magia de terra que poderia detectar a presença de seres vivos terrestres, {Localização Terrestre}. Dependendo do nível da magia de cada usuário, as coisas que poderiam ser detectadas variavam, existem histórias de pessoas sentindo os passos de formigas a quilômetros de distância.
Selene não tinha parado em uma clareira porque a magia só funciona em clareiras, ela apenas achou que essa seria uma oportunidade para demonstrar a magia para Bert.
Usando a {Localização Terrestre}, Selene detectou a presença de um animal um pouco menor que um boi, talvez esse fosse a presa que eles estivessem procurando.
Selene se virou para Bert, “Eu acabei de usar a magia {Localização Terrestre}, preciso explicar isso para você?” perguntou a professora, ela queria medir mais ou menos o quanto seu aluno sabia.
Em circunstâncias normais, ela teria perguntado isso antes de terem entrado na floresta, mas geralmente Selene vai sozinha, então ela tinha esquecido. - “...Nã...Não precisa, Senhora Selene, eu já sei sobre isso...Também deveríamos usar {Visão noturna}?” perguntou o nervoso Bert, {Visão Noturna} era uma das magias mais simples do tipo Acima, magias que conseguem manipular a luz, além de outras coisas.
- “...Isso, você também sabe como usar {Abafamento}?” questionou Selene. {Abafamento} era também uma magia simples, mas era do tipo Abaixo, é usado para abafar o som feito pelo usuário.
- “Consigo...se for essas magias simples eu consigo...” Cochichou Bert, enquanto falava ele tentava reunir coragens em seu coração para enfrentar o medo.
- “Muito bem” sorriu Selene enquanto balançava para ele, demonstrando aprovação, “É melhor prevenir do que remediar. Aplique as magias, ande por onde eu ando e fique de olhos bem abertos, eu detectei um animal bem ali, vamos ver o que é.” Explanou a caçadora veterana enquanto apontava para uma direção.
Apesar de não ser uma professora, ela explicou o que sabia.
- “Urgh, tudo bem.” O estudante grunhiu um pouco enquanto tentava engolir seu medo.
- “E tenha paciência, provavelmente a caçada por um Javali Noturno deve demorar.” Explicou Selene, como se estivesse dando uma aula para um aluno.
Graças a suas magias e um habilidoso uso das pernas, os dois avançaram com muito ímpeto sem fazer nenhum barulho.
Chegando perto do seu destino, eles pararam em uma distância segura do animal, a caçadora deu uma pequena espiada para ver que animal se tratava.
...
Era apenas um cervo de calda longa, dificilmente um animal raro.
- “Tsk...” reclamou a professora, “Erramos.”
Enquanto resmungava, o cervo já tinha ido embora, era como se o animal possuísse um sexto sentido para o perigo.
- “O ...o que faremos?” perguntou Bert
- “Tentaremos de novo, até conseguir”.
Selene colocou a mão no chão novamente, porém desta vez ela colocou muito mais energia para que o alcance aumente.
Ela provavelmente poderia fazer isso mais umas 5 vezes sem problemas.
Ela sentiu muito mais presenças desta vez, inclusive alguns animais que eram sensíveis a magia fugiram quando foram detectadas.
No entanto ela procurou por algumas presenças específicas, é senso comum que o Javali é briguento e não detecta magia, então ela tinha apenas que procurar por aquelas que estejam lutando.
...
Ela sentiu a existência de muitas coisas, mas não especificamente do que procurava, o jeito era procurar um a um.
- “Vamos, temos que verificar cada um.” Cochichou Selene enquanto gesticulava para Bert, ele nervosamente acenou.
Os dois sumiram pela floresta guardada pela escuridão.
***
A vida de um ajudante de governador não é nada fácil, ou será que é porque ele é um caso especial?
A cabeça do homem conhecido por Arthir estava a uma velocidade de 100 pensamentos por minuto e continuava a acelerar, era como se sua cabeça pudesse soltar fumaça a qualquer momento.
- “Caramba, esse Luren ainda acaba comigo algum dia” protestou Arthir enquanto preenchia alguns papéis.
Já era bem tarde da noite, bem depois de Selene ter saído, Arthir estava terminando de escrever alguns documentos.
A rotina de Arthir era muito apertada todos os dias, toda manhã ele vai para a residência do governante de Glacier e o ajuda em todo tipo de coisa: arrumar os documentos, falar com pessoas importantes, discutir coisas que possam afetar a cidade etc, etc. Essas atividades podiam durar o dia todo e talvez até mais tarde, quando ele não tinha tempo para terminar todas essas tarefas, ele coloca alguns documentos dentro do livro que ele sempre carrega consigo e os leva para terminar em casa.
Mesmo tendo dias assim, Arthir, de alguma forma, ainda conseguia relaxar. De vez em quando ele ganhava uma folga, o qual ele usa para passar tempo com sua esposa, estudar artefatos de seu hobby, brincar com seu cachorro...
...
Espere, cachorro?
É verdade, Arthir pensou e se lembrou que Selene adotou um cachorro recentemente, seu nome era Noite, ele dorme pra caramba e só está ativo durante as manhãs, sua esposa o leva para o trabalho.
Arthir nunca gostou muito de cachorros, então ele descartou essa ideia.
Deveria ter outra atividade que ele poderia fazer.
Tipo encontrar com os amigos...
...
Espere, amigos?
Arthir parou para pensar um pouco, tirando sua esposa e o governador, ele não tinha muitos amigos em Glacier.
Antes que ele pudesse desenvolver essas ideias depreciativas, Arthir baniu esses pensamentos tolos de sua mente, então ele rapidamente retornou a se concentrar ao trabalho.
- “Haaaa.... ser cavaleiro não era tão trabalhoso assim...” suspirou Arthir, ele acreditava que ser um cavaleiro não era muito o que ele queria, por essa razão ele pediu para sair da ordem.
No momento, ele acabou de analisar e escrever alguns documentos e voltou a escrever algumas cartas.
As cartas não era muitos importantes, apenas algumas cartas de saudações que ele iria mandar para algumas pessoas na capital. Em breve, ele iria até a capital e ficaria lá por alguns dias antes de voltar, nada de demais, apenas negócios.
*Toc toc toc*
No momento em que ele se concentrava para escrever e selar as cartas, Arthir ouviu alguns toques da porta da frente da casa.
Ele conseguia distinguir que era da porta da frente porque o barulho era mais abafado, já que a porta era mais nova.
- “Humm?” Arthir estranhou, a pessoa que estava batendo não poderia ser sua querida esposa, por mais que ela fosse boa em caçar, ela não conseguiria fazer isso TÃO rápido, pelo o que ele tinha ouvido falar, a caçada por um Javali noturno poderia demorar a noite inteira.
- “Quem será a essa hora?” Arthir levantou-se de sua cadeira e andou até a porta da frente.
Enquanto andava até lá, sua cabeça acelerou para mil pensamentos por minuto, ele foi assim desde criança, pensava demais e agia de menos. Apenas quando ele entrou na ordem dos cavaleiros que ele começou a melhorar esse costume.
[Maldito pai! Porque me forçar a entrar na ordem?] pensou Arthir enquanto inofensivamente amaldiçoava seu pai. Imediatamente ele jogou fora esses pensamentos inúteis.
Ao chegar na porta e abri-la, Arthir não demonstrou espanto no rosto, mas certamente seu espírito tinha ficado espantado.
Tinha uma pessoa de altura mais ou menos igual a dele, porém com uma esplêndida armadura completa.
O indivíduo retirou seu capacete para revelar sua identidade, ele tinha fortes traços no rosto e tinha a careca mais conhecida da ordem, ele não era nada amigável e pelas poucas cicatrizes visíveis em seu rosto, qualquer um poderia deduzir que este homem é um cavaleiro veterano.
Arthir o reconheceu imediatamente.
- “...Max, você por aqui.” disse Arthir
- “Olá Arthir” disse o cavaleiro conhecido como Max.
O homem era muito intimidador, no entanto Arthir já tinha um certo costume de conversar com ele, então sua coragem não foi afetada.
- “Desculpe Max, estou muito ocupado e você veio sem avisar, então não posso recebê-lo, se não for algo muito urgente, terá que deixar para outro dia.” Falou Arthir enquanto tentava esconder o cansaço em sua voz.
- “Infelizmente isso não pode esperar” Max falou essas palavras com muita frieza e rapidez, era como se ele já esperasse essa resposta. “Arthir Arson Tenodora, você está preso por suspeita de traição ao reino.”
- “Huh!?”
***
- “Acho que encontrei dessa vez” disse a caçadora ao retirar a mão do chão pela quarta vez essa noite, “Duas presenças lutando, deve ser ele.”.
Bert assentiu enquanto olhava para sua professora, os dois caçadores andaram na direção das duas presenças, a distância não era muito grande.
Eles foram usando os seus passes furtivos e chegaram rapidamente.
Ao chegar no destino, eles se deparam com uma pequena clareira, mas o que estava dentro dela surpreendeu os dois.
Tinha 2 Javalis noturnos brigando.
Cada javali tinha o tamanho um pouco menor que um touro, seus pelos tinham uma aparência prateada e eles usufruíam de grandes presas em suas bocas.
O maior perigo de um javali noturno não são suas armas naturais, mas sim sua estamina, velocidade e resistência.
- “S... São dois deles!?” Bert sussurrava, sua voz possuía uma mistura de espanto e medo.
- “Parece que teremos um trabalho extra” disse Selene enquanto exalava um suspiro.
Ao mesmo tempo que Bert tentava processar a situação, Selene usava sua cabeça, ela tentou formular vários planos para exterminar os dois javalis.
O maior perigo de um javali noturno não são suas armas naturais, mas sim sua estamina, velocidade e força, além do mais, conhecendo o temperamento deles, ela sabia que eles atacariam se notassem perigo, então a fuga do inimigo não era um problema.
Provavelmente Selene conseguiria lidar com 1 sozinha, mas 2 já é um pouco difícil, além disso, ela tinha que ensinar e proteger uma pessoa.
Portanto, havia apenas um jeito.
O jeito natural e selvagem que é mais antigo que muitas gerações.
O plano: Dividir a atenção dos animais e rezar pelo melhor.
- “Beleza” cochichou Selene enquanto se virava para seu aluno, “Faremos assim, eu irei até o flanco direito, quando eu der o sinal você acerta na cabeça do javali da esquerda com suas flechas. Vamos tentar separar os dois, se um for atacar você, se esquive e use magia se necessário, não vá muito longe.” dissertava a caçadora para Bert.
- “Flanco? Ah! Espere!” ele questionou uma palavra desconhecida, mas Selene já tinha saído para emboscar o animal.
Bert entrou em pânico, mas logo se acalmou, apesar de não ter entendido uma palavra ou outra, ele era inteligente. Pelo o que ele ouviu, deduziu pelo contexto que deveria esperar um sinal de sua professora para poder atirar.
Ele puxou uma flecha de madeira de sua aljava e preparou-o em seu arco, agora ele só tinha que esperar o sinal.
[Mas espera, que diabos de sinal eu tenho que esperar?] pensou Bert
Um sinal de luz? Um sinal sonoro? Um sinal de mão? Um sinal mágico?
Agora que ele pensava, existia várias maneiras para fazer isso, mas logo ele extinguiu esses pensamentos.
Graças à {Visão noturna} Bert conseguia ver bem o que estava acontecendo ao redor.
Utilizando essa capacidade adquirida, ele olhou ao redor várias vezes em procura de sua professora. Pouco tempo depois ele a encontrou à sua direita, quase chegando do outro lado da clareira.
Quando finalmente ele a viu, Selene gesticulou com a mão para que Bert atirasse quando ela contasse até 3. Ele mais ou menos entendeu o que tinha que fazer, então o aluno puxou seu arco.
Ver a imagem de Selene contando com seus dedos fez a tensão de Bert aumentar exponencialmente.
3...
2...
1...
A flecha do caçador amador voou.
Instantes depois, uma outra flecha advinda da caçadora experiente também voou.
A flecha de Bert acertou o pescoço de um dos javalis, enquanto a flecha de Selene acertou em cheio no olho do outro javali.
- “HWROOO” bufaram os javalis.
Percebido o perigo que acabou de chegar até eles, os javalis esqueceram da sua pequena briga e se viraram cada um para o dono da flecha que estrava encravado em seus corpos.
O rosto deles não mudou, mas era possível dizer com certeza que eles estavam furiosos.
A reação que cada caçador teve foi bem distinta para a situação.
Ao sentir a sede de sangue do javali, Bert tremeu até sua alma, mas graças ao seu espírito de caçador, ele não congelou no lugar e correu pela sua vida.
Já Selene começou a sentir o que poderia descrito como a emoção da caçada, quando ela foi encarada pelo Javali que tinha quase o tamanho de um touro, ela o encarou de volta. Preparando seu arco com mais 2 flechas, ela se preparou para a investida do Javali.
Geralmente, quando um Javali noturno é encontrado, os caçadores novatos se reúnem para caçá-lo com um simples plano: enquanto atraíam ele para um campo aberto, tentavam ao máximo cansá-lo de todas as formas. Isso prova o quão perigoso um desses animais são, normalmente as pessoas tentam evitar confrontos.
Mas essa não era uma situação normal.
A caçada estava com a presença de uma caçadora experiente que poderia lidar de frente com um javali desses. Por essa razão enfrentá-lo nesse espaço não é a ideia mais maluca do mundo.
Além disso, o javali estava cego de um olho, Selene já começou com uma vantagem.
Ignorando a desvantagem como se não existisse, o javali começou sua investida com grande aceleração.
Selene facilmente rolou para o lado para desviar do ataque do animal, ela acreditava que qualquer um poderia desviar assim se estivesse prestando atenção.
Rapidamente recuperando sua compostura, ela atirou duas flechas no Javali, mirando nas partes sensíveis, rosto e nariz. Já que o animal estava dando meia volta para poder atacar novamente, ele não percebeu os projéteis vindo e foi atingido em cheio no outro olho e no pescoço.
Um pequeno deslize, porém o javali visivelmente sofreu danos
Sua raiva aumentou.
Utilizando seu olfato animalesco para se guiar, ele mais uma vez acelerou em direção à caçadora.
Desta vez a corrida estava mais lenta, porém isso funcionou a favor do javali já que ele ganhou mais controle para onde ia.
Para completar, o corpo do javali começou a brilhar: ele focou sua energia para melhorar seu condicionamento físico.
Esse é o momento mais perigoso, o javali faria investidas sucessivas sem deixar o inimigo respirar.
Contudo, Selene ainda estava calma, ela facilmente desviou das investidas com movimentos mínimos, era como se ela estivesse dançando e se divertindo com a situação. Um novato nunca sentiria a serenidade que ela está sentindo agora.
...
Espere, novato?
É verdade, ela acabou de se lembrar.
Ela trouxe alguém consigo.
[Droga] pensou ela, a diversão era tanta que ela esqueceu de algo importante.
Agora ela enfrentaria o javali com seriedade.
- “Desculpa, mas vou ter que acabar com isso rápido” disse Selene, ela estava fazendo uma expressão triste como se ela tivesse que abandonar algo precioso.
O javali estava pronto para avançar novamente, porém seus danos claramente o afetavam, ao entrar em uma postura de ataque, ele disparou com velocidade.
Para responder esse ataque, Selene jogou seu arco para o lado, fez alguns gestos com suas mãos e focou sua energia, ela atacará com magia.
Pelo fato de ela usar muita magia de terra em seus trabalhos, Selene já ficou bem experiente nisso, se um mestre de magia a analisasse, provavelmente diria que ela está bem próxima do nível 3, um nível suficiente para se tornar um professor de terra.
Ou uma professora de terra, no caso.
Quando o javali estava quase chegando nela, Selene fez alguns movimentos e usou um simples {Pilar de terra}.
Apesar do pilar ascender ao lado do javali, a direção era diagonal e a mira estava na cabeça do animal.
O plano da usuária de magia era de dar um “soco” de terra no suíno, aproveitando o movimento do animal para redirecioná-lo e usar seu momentum contra ele mesmo.
O javali noturno tinha um instinto incrível para perigo, então ele notou o pilar, no entanto, ele não teve reação para desviar.
Recebendo um impacto forte na cabeça, o animal caiu para o lado e seu momentum o arrastou por uns metros antes de parar.
Apesar de ter inventado o plano agora, ele deu mais certo do que Selene esperava.
Neste instante, a caça estava sofrendo uma concussão enquanto a caçadora estava de pé triunfantemente.
Agora apenas restava finalizar o suíno.
Selene retirou o lacre do cinto que prendia o machado e ela o brandiu.
O machado era leve e balanceado, porém, ele tinha um formato e tamanho estranhos.
Levantando sobre sua cabeça, Selene se preparou para lançar a guilhotina, então, com todas suas forças, ela abaixou o machado.
*TUM, PLAF*
O machado agora estava cravado no crânio do porco.
Mas havia algo de estranho, o Javali estava morto com certeza por causa do machado, porém agora o corte estava brilhando?
Quando Selene notou isso, ela imediatamente retirou o machado e notou que o que brilhava não era o suíno, mas sim a lâmina do seu machado.
Neste momento, o machado estava brilhando uma luz fraca, porém ele se apagou logo depois.
[Que estranho], pensou Selene. Tendo em vista o acontecimento, ela deduziu que essa era a habilidade de “absorver energia” do machado.
Mas qual será seu método de ativação? Impactos? Colocar energia sobre ele?
Bom, por enquanto ela não tinha tempo para pensar nisso, ela tinha que ir atrás de um certo aluno.
Colocando o machado de volta em seu cinto, Selene foi pegar seu arco e logo depois disparou pela floresta seguindo o barulho de árvores caindo.
Com certeza esse barulho deve ser do outro Javali
Selene correu e sumiu pela escuridão da floresta.
***
Ah...
Correndo desesperadamente pela floresta, estava um garoto de cabelos dourados e olhos verdes, seu físico não é nada ruim, seus equipamentos são de boa qualidade e ele não era ruim com a caça.
Mas então porque ele estava correndo?
A resposta estava literalmente logo atrás dele.
Perseguindo o garoto chamado Bert, estava aquilo que podemos chamar de monstro.
Um monstro maior que um cachorro, conhecido por sua grande força que é capaz de matar vários outros animais e derrubar árvores facilmente.
Um javali noturno.
Enquanto corria pela sua vida, Bert tentava despistar o animal pela floresta, entretanto o olfato daquele monstro era muito bom.
Ao perceber que o inimigo se aproximava, Bert apressadamente pulou para o lado para que pudesse desviar do ataque.
Aproveitando seu pequeno momento para respirar, ele tirou a penúltima flecha de sua aljava e disparou no suíno.
O projétil acertou... ...nas costas.
O javali parecia uma almofada de agulhas com várias flechas saindo de seu corpo, porém quase nenhuma delas causava dano real a ele.
Aparentemente atirar enquanto corre e se esquiva necessita de muita precisão e treinamento, mas quem diabos poderia fazer esse tipo de coisa? Só um arqueiro muito experiente conseguiria.
Correndo agora na direção contrária, Bert voltava para o caminho de onde ele veio para tentar encontrar sua professora.
Por sorte ou por azar, ele a encontrou facilmente.
Enquanto corria pelo caminho de árvores derrubadas, o garoto viu Selene.
Mas ela estava com arco e flecha em mãos, mirando em sua direção.
- “E-e-espere! Não atire!” disse o nervoso Bert
- “Se abaixe!” gritou Selene.
Seguindo as ordens de sua líder, Bert mergulhou rapidamente para o chão.
Selene fechou um dos olhos para mirar e, sem cerimônias, atirou a flecha.
A flecha voou por cima de Bert e atravessou o ar por mais alguns metros até atingir o nariz do javali, o dano era considerável e foi o suficiente para atordoar o javali por um momento.
Retirando o machado de seu cinto, Selene pretendia usar com eficiência esse momento. Ela atirou seu arco para o lado e levantou a arma sobre sua cabeça com as duas mãos.
Porém ela não foi rápida o suficiente.
Antes que ela pudesse chegar até o animal, o javali rapidamente se recompôs e resumiu sua investida.
Vendo o javali prestes a atingi-la, Selene reagiu posicionando seu machado como um escudo, jogando seu peso para frente e suas pernas para trás, era uma posição para tentar amortecer impactos frontais.
- “Uuurgh....” Selene grunhiu.
A força do javali era impressionante, o animal arrastou a caçadora com muito ímpeto.
Neste momento, Selene tinha que pensar rápido, se ela caísse ela correria o risco de receber danos graves ou até mesmo morrer.
Sabendo que uma competição de força com o javali era impossível, ela fez o natural e o evitou. Jogando seu peso para o lado, ela felizmente conseguiu fugir da investida do inimigo.
Ao sair da frente do javali, ela rolou na terra e logo se recompôs.
O javali também se recompôs rapidamente, ele parou de correr, deu meia volta e começou a acelerar novamente, era como se o Javali nunca se cansasse.
Ao se preparar para desviar, Selene notou algo esquisito, a parte de metal que compunha seu machado estava brilhando uma cor azul como o céu.
[Esse é o poder do machado?] ponderou Selene.
Ao desviar mais uma vez do javali, Selene bolou rapidamente um plano de ataque.
Ela tinha que ser rápida e concisa: desestabilizar o animal e então matá-lo.
Selene focou sua energia mais uma vez.
Esta noite ela usou muita mais magia do que esperava, depois desta luta ela provavelmente não conseguirá lançar mais nada por um tempo.
Fazendo um movimento com as mãos e depois se abaixando para tocar o chão, ela usou {Levantar terra}, com isso um muro grosso foi erguido.
Selene sabia que o muro não seguraria o javali, mas esse não era seu propósito principal.
Seu objetivo era tirar a visão do javali para que ela possa atacá-lo.
O animal prateado bufou, se ele fosse um ser pensante provavelmente estaria ofendido por sua inimiga ter feito um muro inútil.
Correndo através da parede, o javali passou sem muitas dificuldades.
Mas ele não percebeu que Selene estava acima dele.
Ela usou um {Levantar terra} para se lançar no ar!
- “Uoooohhh!” gritou Selene pela emoção do momento.
Com seu machado brilhante em mãos, ela atacou usando toda sua força e peso, então, o machado cravou... ... no pescoço do javali.
- “Droga! Calculei errado!”
Um ataque desses provavelmente não faria muito dano contra o javali.
Soltando seu machado, Selene pulou do corpo do javali para fora e aterrissou na terra, ela se preparou para o ataque iminente.
Porém o ataque nunca veio.
O javali se virou para encarar Selene, contudo, antes que ele pudesse correr o machado fez mais um barulho alto.
*KIIIII*
O machado brilhante produziu um som alto e agudo, logo depois ele soltou toda sua energia no pescoço do javali, rompendo violentamente o pescoço do animal.
A cena não era muito bonita de se ver, o animal estava com a cabeça separada do corpo, era como se tivesse explodido de dentro para fora.
- “Haah... Caramba...” suspirou Selene enquanto via aquela cena.
Enquanto contemplava aquela cena, Bert se aproximou rapidamente.
- “Caramba Senhora Selene! Isso foi incrível!” disse Bert. Ele estava tão impressionado que seu medo tinha ido embora inteiramente.
- “Huh? Ah sim! Foi tudo como o planejado!” falou Selene enquanto tentava esconder sua surpresa. “E-Espero que tenha aprendido bastante hoje!”
- “Sim! Apesar de não ter feito muito eu aprendi bastante! Obrigado!” Bert falou com entusiasmo.
[Huaa.... Pelo menos acabamos bem rápido com isso] pensou Selene enquanto pensava em sua cama.
EPISÓDIO 3 - Na beira da morte.- Spoiler:
***
Depois de terem recolhido todos seus pertences, Selene e Bert foram esfolar os dois javalis que caçaram.
Nenhum dos dois é um açougueiro profissional, por essa razão o trabalho foi feito bem grosseiramente.
Mas todo o esforço valeu a pena, os chifres, a banha, a carne e os pés do javali são muito úteis e valem bastante, se Selene pudesse vendê-los, ela poderia facilmente ganhar uma quantia considerável.
Se ela pudesse.
Todos os espólios dessa batalha vão ficar com a família de Kirt e Bert. Já que eles são os contratantes, era o percurso natural.
Colocando os produtos em uma bolsa de couro, eles carregaram os produtos em suas costas e então caminharam em procura de um rio.
A partir do rio eles poderiam facilmente se guiar para voltar até a cidade. Depois de procurar um pouco, eles acharam o rio e tomaram seu caminho de volta para casa.
***
Após andar muito rio-abaixo e caminhar mais um pouco até a fazenda, a dupla eventualmente chegou na entrada da fazenda Leite de Prata.
A noite estava tranquila e serena, a lua nos céus emitia uma luz suave e agradável que dava um aspecto místico à região. Olhando ao redor, era possível ver as pastagens até o horizonte, a calma superfície da água do lago e ondas na grama causado pelo vento.
Realmente era um cenário bem relaxante.
Chegando até a residência, Bert bateu 3 vezes na velha porta de madeira e abriu-a sem esperar uma resposta, Bert pegou a bolsa que Selene carregava e prontamente foi até a cozinha, Selene simplesmente esperou na entrada da casa.
Enquanto Selene esperava, um barulho de porta se abrindo e passos vieram do fundo da casa.
O som de passos era bem característico: era um barulho alternado de passos normais e um ruído de madeira batendo com madeira.
Selene só conseguia imaginar uma pessoa fazendo esse barulho.
Ao olhar para o corredor, uma pessoa apareceu.
Era Tark.
- “Ho ho...!” exclamou o velho, “Vocês voltaram mais rápido do que eu esperava. Eu imaginei que os javalis noturnos seriam mais problemáticos, mas parece que esse não foi o caso!”
- “Haha...Tivemos sorte para encontrá-lo e conseguimos fazer um ataque surpresa, então tudo ocorreu bem”.
Enquanto Selene e Tark conversavam, Bert voltou depois de guardar todos os espólios no armazém.
- “Uwaaah...” bocejou Bert, “Estou cansado pra caramba, eu vou direto para a cama, obrigado por tudo, Senhora Selene.”
- “Claro, foi um prazer, boa noite.” respondeu Selene.
- “Sim, boa noite.”
Bert então foi para os fundos, fazendo um barulho de porta fechando no processo.
- “Hummm, quanto sua recompensa, eu mandarei o Kirt entregar na sua casa amanhã, imagino que não tenha problemas para você.” perguntou Tark.
- “Não tem problema”
Estava ficando bem tarde, ela deveria retornar logo.
- “Bem, se não tem mais nada, eu voltarei agora.”.
- “Sim sim, imagino que você esteja exausta.” disse ele enquanto remexia sua volumosa barba, depois de Bert ter ido até seu quarto, Tark fez uma expressão séria no rosto. “Tome cuidado por aí, Selene, ouvi algumas coisas perigosas vindo da capital.”.
- “Coisas perigosas?”
- “Deveras, ouvi rumores que a capital está caçando traidores, muita gente do topo está suspeita e estudantes e pesquisadores também estão sendo alvos.”
- “Haa... Assustador...” murmurou Selene.
- “Bom, é apenas isso.” O Tark abriu um sorriso como se o clima sério nunca tivesse existido. “Você pode nos visitar a hora que quiser! Maria certamente ficaria feliz com isso!”
Maria era a esposa de Tark e mãe de Bert e Kirt, Selene conheceu ela no trabalho anterior ao da construção. Depois de se tornarem amigas ela apresentou seu marido para Selene, na época Maria tinha 25 anos.
[Caramba, isso já faz 10 anos, não é?] pensou ela.
Se despedindo de Tark, Selene saiu da casa e tomou o caminho de volta para casa.
***
Depois de uma longa caminha através dos campos, Selene estava entrando na área da cidade de Glacier.
A cidade era bem tranquila pela noite, mas era um tipo de tranquilo diferente dos campos. A luz mágica que iluminava as ruas da cidade era agradável, mas o mais predominante era o grande silêncio.
Algumas pessoas poderiam achar esse silêncio perturbador, mas Selene achava que era relaxante.
A noite indubitavelmente estava tranquila, mas Selene sentia que algo estava de errado.
Do final da rua, um homem vinha correndo, Selene não conseguiu reconhecê-lo de primeira, mas depois que ele parou em sua frente ela conseguiu identificar.
Ele estava exausto de tanto correr, era um homem magro e alto chamado Bernardo, vizinho de Selene.
- “B-Bernardo?! O que aconteceu” perguntou Selene enquanto se aproximava do homem.
- “Se-Selene! A situação está ruim, uns caras apareceram e então sua casa...uma briga...” Bernardo estava falando muito rápido, era quase impossível entender alguma coisa.
- “Ei ei, muito rápido! Respire um pouco e me explique com calma!”
Então, Bernardo respirou fundo e depois soltou o ar, estando um pouco mais calmo ele tentou explicar de novo.
- “A situação está ruim! Alguns homens de armadura apareceram na sua casa e começaram uma briga com Arthir!”
- “O que!?”
Depois de ouvir isso, Selene não poderia permanecer parada, ela rapidamente se levantou e saiu em uma disparada em direção à sua casa.
Homens de armadura em sua casa? Uma briga? O que diabos aconteceu enquanto ela estava fora?
[Será que...!?] pensou Selene enquanto se lembrava da conversa com Tark.
‘Caça de traidores’, o perigo que Tark acabou de avisá-la.
Correndo através das ruas silenciosas de Glacier, Selene não parou por nada até chegar em sua casa.
Quando ela se aproximou, ela se deparou com uma cena de guerra.
A rua que antes era bonita e polida estava com fissuras e rachaduras, claramente houve uma batalha aqui.
No meio deste cenário de combate, havia apenas 3 pessoas de pé, eles pareciam discutir algo.
Dois deles estavam completamente intocados, mas o terceiro que se encontrava no meio dos dois encontrava-se sujo de poeira e sangue.
No entanto, esse sangue provavelmente não era dele.
Todos os três vestiam armaduras completas dos pés até os ombros, suas cabeças estavam sem nenhum tipo de capacete, era possível identificar que os três eram homens.
O da esquerda possuía longos cabelos negros, um rosto sem pelos e grandes olhos laranja.
O da direita tinha cabelo curto e uma grande cicatriz que atravessava horizontalmente o rosto.
O do meio tinha uma careca horrível, Selene pensou como que alguém poderia raspar o cabelo e achar bonito.
Olhando para os lados, Selene percebeu muitas pessoas caídas no chão, dando uma olhada rápida percebe-se que eles estavam apenas inconscientes e com algumas feridas, nada letal.
No entanto, ao olhar para frente, ela percebeu que o soldado com grande cicatriz estava segurando um homem em seus ombros.
Era Arthir, ele visivelmente estava sangrando muito pela cabeça.
Vendo como seu marido estava em um estado horrível, Selene sabia que tinha que fazer algo.
- “Ei! Soltem ele!” marchando em frente, Selene gritou com todas suas forças.
Para se preparar para o pior, Selene tirou a machadinha de seu cinto e o brandiu. No momento essa era a única coisa que ela poderia fazer, pois ela estava completamente sem energia para usar magia.
Notando a presença dela, os três homens se viraram para olhar para Selene.
- “Mais um civil? Caramba, eles não desistem” disse o homem com cabelo longo.
- “Pare de reclamar, você não fez nada.” retrucou o homem com cicatriz.
- “Mas eu não foi porque eu não quis, além disso...”
- “Calem-se.” Uma voz grossa e intimidadora interrompeu o homem de cabelo longo.
O homem careca avançou em direção de Selene, ele fechou seus punhos e entrou uma postura de artes marciais.
- “Vou acabar com isso rapidamente, enquanto isso você cura ele, somente o necessário.”
- “Haha...” suspirou o homem de cabelo longo, “Como você sempre fala, ’Poupe sua energia’, não é?” disse ele enquanto começou a focar sua energia para curar a ferida de Arthir.
Uma grande vontade de gritar ‘Não toque nele!’ fervilhou dentro de Selene, mas ela engoliu suas palavras.
Afinal de contas, ela não sabia magia de Vida.
Se preparando para a batalha, Selene entrou em uma postura de ataque para batalhar contra pessoas, ela aprendeu isso com seu pai, mas ela nunca teve oportunidade de usá-lo.
Dobrando os joelhos, ela colocou um pé atrás, o outro em frente e, para finalizar, segurou sua arma afrente. A posição em que ela estava não era ruim, mas era amador.
A cada passo que o homem careca dava, a tensão aumentava cada vez mais, quando ele chegou a 5 metros, Selene gritou para fortalecer sua determinação e então correu adiante.
Ela sabia que eles eram fortes, seu marido Arthir não era fraco para perder dessa maneira, mesmo assim, ela avançou.
Brandindo o machado com uma das mãos, ela manteve a arma afrente, quando ela chegou perto do homem ela nem teve tempo de atacar primeiro.
Lançando uma série de socos, o inimigo atacou com velocidade.
Selene inicialmente conseguiu desviar dos socos iniciais e bloquear alguns outros, porém, sendo acertada por um deles, ela ficou atordoada, o que deu a oportunidade do homem de lançar outro soco que derrubou ela.
Caída no chão, Selene estava estremecendo de dor.
Como se tivesse perdido interesse, o homem se virou para ir embora.
Selene estava envergonhada, como ela poderia deixar esses homens levarem seu marido embora? Ela provavelmente nunca mais veria Arthir se deixasse isso acontecer. Tendo esses pensamentos na mente, ela se levantou.
Ela estava com dores, mas ela estava de pé.
Se virando novamente, o homem careca viu a determinação da mulher, no entanto ele respondeu entrando novamente na postura de ataque.
Neste momento adrenalina começou a subir na cabeça de Selene e sua cabeça começou a acelerar muito, ela usou sua mente de caçadora para tentar montar planos de ataque.
Ela tinha que ser mais rápida e agir mais rápido, ela tinha que derrotar este homem em sua frente e depois abater os dois de trás.
[Eu tenho que ser mais rápida!].
Ao concluir um plano básico de ataque, Selene avançou novamente.
Quando ela chegou próximo ao inimigo, o homem retomou seu ataque.
Agora Selene estava lidando melhor com os ataques, ela estava desviando de muitos socos e bloqueando com seu machado os outros. Nesse processo, o machado começou a brilhar mais.
No meio da chuva de socos, Selene encontrou uma pequena brecha. Usando essa oportunidade, ela manejou golpear o homem com um soco.
Ela acreditou ter dado um bom soco, mas o golpe aparentemente não causou muitos danos.
Recuando um pouco, o homem careca saiu da postura de ataque.
- “Isso foi um bom soco, qual o seu nome?” perguntou o homem careca, parece que ele se impressionou com as habilidades da moça.
- “Não interessa para você” respondeu Selene. Ela estava com muita adrenalina na cabeça, por isso não conseguia formular frases direito.
Ouvindo essa resposta, o homem careca franziu a sobrancelhas por um momento e depois sacou a espada.
- “Então morra como uma pessoa sem nome.”
Brandindo sua espada, o homem careca avançou e atacou ferozmente Selene.
Sua velocidade não diminuiu muito, graças a isso, Selene ainda conseguia bloquear e desviar, porém um erro poderia causar sua morte.
Com o intenso bloqueio de golpes, o machado começou a ter um forte brilho azul.
Apesar disso, o homem não pareceria se impressionar com a arma.
Depois de mais alguns bloqueios, Selene pulou para trás para ganhar algum fôlego, porém o homem não a deixaria respirar.
Trocando mais alguns golpes, o homem chutou a inimiga para longe.
Selene rolou pelo chão e eventualmente parou metros depois, o chute era forte e seus braços estavam dormentes por causa do bloqueio dos golpes. Ela não tinha notado isso antes, mas ela também estava sangrando.
Ela estava cansada demais, ela lutou bravamente para conseguir levantar mais uma vez.
- “Não... ainda não...!” murmurou Selene.
Ao se levantar, ela olhou para o homem à sua frente.
O que ele estava esperando? Se ele quisesse poderia ter dado mais um golpe e ter tirado a consciência de Selene, mas ele estava parado, esperando-a se levantar.
[Bom, que seja.]
Analisando seu inimigo mais uma vez, Selene entrou em sua postura de ataque novamente. Todo seu corpo doía, mas ela tentou ao máximo ignorar a dor.
Para não perder nenhuma oportunidade, ela aguçou seus sentidos ao máximo.
Com isso, Selene rugiu com todas as forças de seus pulmões para fortalecer sua determinação.
- “AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH” ela gritou.
Entrando em uma disparada, ela correu para cima do cavaleiro.
Enquanto corria até ele, Selene se abaixou para pegar um pouco de terra no chão, quando se aproximou, ela jogou a terra no rosto do homem careca.
- “Urrgh...” grunhiu o homem, ele falou tão silenciosamente que apenas Selene com sentidos aguçados conseguiu ouvir.
Colocando os braços na frente para bloquear a terra, o homem ficou vulnerável.
Sua vulnerabilidade duraria apenas algumas frações de segundo, mas era justamente o que Selene precisava.
Enquanto brandia seu machado, Selene atacou o peitoral do homem careca com todas suas forças.
Porém, ela foi muito lenta.
Ou talvez, o homem foi muito rápido.
O homem careca parou o machado com sua mão livre, centímetros antes de ter sido acertado. Ele segurou a arma pelo cabo que Selene segurava.
Selene e o inimigo se encaram de perto, mas logo o homem subjugou Selene com sua força.
Soltando sua espada, o homem careca deu uma cabeçada que atordoou ela, após isso, ele fechou seu punho e deu um soco no rosto de Selene.
Selene rolou no chão e seu machado voou para longe, ela tentou ao seu máximo levantar, mas seu corpo não respondia mais.
- “Nã....o.....ainda.....não....”
Selene então caiu e finalmente perdeu a consciência.
***
- “Caramba chefinho, nem com mulheres você pega leve!” exclamou Richard, o homem com cabelo grande.
Depois de ter parado o sangramento de Arthir, ele e Dom se voltaram para assistir a luta de Max e da civil com um machado.
- Aquela mulher era bem forte.” analisou Dom, “E o machado parecia impressionante, o que o senhor acha dela?”
- “...” como de costume, Max ficou calado.
- “Você estava bem acabado por causa da luta com o Lâmina de Luz, você podia ter deixado com a gente. Por um momento eu pensei que fosse perder.” retrucou Richard.
- “Realmente, ela era bem forte, analisando aquele machado e vendo como lutava, posso concluir que ela sabe manipular magia bem e é bem treinada. Lutar com ela parece interessante.” ponderou Dom enquanto examinava a luta.
- “Já acabaram?” respondeu Max, “Vamos embora, temos um grande caminho de volta até a capital.”
- “Certo certo... onde foi que deixamos nossos cavalos?” perguntou Richard.
- “Fora da cidade, ao oeste...Você realmente se esqueceu?” respondeu Dom.
Então, enquanto retrucavam um ao outro, os quatro sumiram na escuridão da noite.
Última edição por Bravesa em Ter 12 Nov 2019 - 13:38, editado 3 vez(es) | |
| | | Eusine48 Top membro
. : Sou imune ao feijão Mensagens : 880 Sanidade : -17
| Assunto: Re: FÚRIA (Novembro da Escrita) Ter 12 Nov 2019 - 13:14 | |
| Primeiramente, devo dizer que estou feliz por você ter decidir escrever e por estar postando sua história aqui! Já faz um tempinho e da para ver que dessa vez está bem dedicado, até já escreveu bastante. Vou comentar conforme leio, então hoje irei falar sobre o tópico de criação e o prólogo. - Bravesa escreveu:
- Seguindo aí o Outubro da Escrita (acabei de inventar o nome), eu me submeti ao desafio a escrever 1000-1500 palavras por dia, graças à essa oportunidade eu estou escrevendo 'FÚRIA'.
Porque você começou o Outubro da Escrita em Novembro? - Bravesa escreveu:
- Atualmente estou escrevendo a história em capítulos e esses capítulos estão divididos em episódios. Eu poderia postar cada capítulo individualmente, mas eu prefiro postar quando eu tiver acabado um capítulo. Talvez isso mude no futuro, mas provavelmente não.
No começo eu tentei fazer isso, mas logo vi que as coisas fluem melhor indo devagar, de capítulo em capítulo. As vezes os leitores percebem coisas que os autores não notam, e esse feedback ajuda para os capítulos seguintes. Então a minha sugestão é que poste conforme escreva mesmo. - Bravesa escreveu:
- [EDIT]: Quando eu fui colocar o texto, eu percebi que ficava muito pequeno e muito ilegível, eu precisei colocar um espaço entre as linhas e aumentar a fonte, deu trabalho pra caramba.
Sim, é bom se acostumar com isso por aqui... Quanto ao prólogo, não tenho muito o que falar, a escrita está boa para um começo. Esperava um pouco mais de definição para o mundo da história além do olhar depressivo sobre a humanidade e suas guerras, mas apenas isso. Estou curioso sobre o capítulo 1, eu lerei em breve. | |
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